segunda-feira, 19 de setembro de 2011

De tudo um muito.


“ Whatever we'll be..
Maybe dumb, maybe just happy.. ”

Deuses-embriões riem-se dentro de mim...
Céus, estou vivo!!

Anverso da medalha, mesmo brilho, mesma medalha:
Corpo e mente renovada pelo Fogo desses dias..
Coração pulsa minha paz pelos dias de Caos..
Das mais belas flores, provei entre farpas..
Feliz por não saber mais lidar com tantas
obrigações da rotina, agora obsoleta..
Posso ver e ouvir..
Entoava mórbidas canções no silêncio
de sóis e luas que já se confundiam..
Posso ver e ouvir..
Entôo belos acalantos e desconhecidas
canções entre manadas de peões..
Eu os segui, Dionísio, feliz, em ecdise..
Posso ver e ouvir...
Belas pinturas, desmascaradas máscaras, em
bela, invisível e transparente nudez, em suas formas,
versos e azuis reflexos têm me feito tatear/balbuciar
híbridos vocábulos de satisfação, impregnados de mim,
até hoje sufocados por mim, ainda que tão perto de mim..

Reverso da medalha, mesmo brilho, mesma medalha:
Alegorias para cá, alegorias para lá, tenho percebido
também que não consigo mais replicar algumas
pessoas, ou pelo menos em algumas coisas, aquelas
que mesmo apresentadas como generalidade,
sinto que as representam completamente..

Deixo de replicar, não porque não tenha meios para isso, mas
por uma causa/sentimento bem natural e espontâneo, entre a
tolerância (por serem boas pessoas, em que me vejo e projeto)
e o cansaço (por saber que nada do que eu direi será mais que
uma opinião, um ponto de vista, muitas vezes inócuo)..

Talvez esse cansaço resignado é que tenha
feito minhas interações perderem o caráter
de réplica, embate ou discussão..
Talvez tanto fervor em ser convicto fosse mero desespero.

E me caem no colo, outros mil pensamentos..
Olhar o espelho e tentar perceber vícios/palavras/gestos
que de tão repetidos já não me estranham os ouvidos e o tato..

Noutro prisma, perceber que certas coisas não
"me representam", mas que para além disto,
a despeito disto, são pedaços de mim..

Sorridente, fecho os olhos enquanto abro peito e
boca sem crivar a incerteza dos dias, sem frugal,
esperar pelo que melhor me apraz..

De novo e para sempre...
Anverso da medalha, mesmo brilho, mesma medalha:
Essa calma tem me trazido bons frutos,
não temo por eles, eles não temem por mim...
O temor era despertar em mim os antigos escudos
frugais do consumismo-bomba-relógio com que lidava
com as mais belas e obscuras nuances da vida..
Não mais..

Em boa hora, reflexos azuis, caleidoscópicas reflexões..
Segue barca!! Eu não quero descer..

“ Whatever we'll be..
Maybe dumb, maybe just happy.. ”


(19.09.11)

domingo, 4 de setembro de 2011

Poema estúpido, piada tragicômica


Versos estúpidos sob o pó; aquém do pó para além do pó...

Se em ti eu jogasse todas as letras, virarias pó..
Jogo-as por cima de ti, seu lugar, na imensidão,
de onde poderás não mais que contemplá-las..
Jogo-as como um presente fugaz que me represente,
que me desnude sem entregar..

Se as incompreende, corrompe ou deturpa,
então, de nada valerás, não importarás..
Sob acalantos adormecerás para sempre,
enquanto te esqueço e te perdoo...

De qualquer forma, sem brindar o sabor do saber, serás a inerte
poeira da ignorância que cobre e protege as obras de arte esquecidas
pelo tempo, eternizadas pela virtude das virtudes, que nunca morre..
Se eu jogasse todas as minhas letras em ti, virarias pó..

Do pó viestes, ao pó retornarás; encobrindo e velando belas e íntimas artes..
Como as que não se diz por não haver palavra.. E nunca haverá..
Por saber que nas águas deste rio valente não me banharei mais que uma
vez é que não cairia na estupidez de dizer: desta água não beberei.

Um passo de silêncio gritado é a segura distância de
que te rogo pesar e perdão, te iludo os olhos e ouvidos..
Sob esses e todos os sentidos, te adormeço e me eternizo..

( 04.09.2011 )