domingo, 6 de janeiro de 2013

Garimpando vida


Bichos que mordem. Cheiro de vida.
Espinhos, rosas, mulheres, abismos...
Intensidade encapsulada de violencia,
deusas temerosas. Potes de ouro. 
Rala e espinhosa aos olhos rasos. 
Velocidade que não vê... Não quer.  

Entre mágoas escondida, beleza viva, 
machucada, sem limite, sem coisa nenhuma, 
não quer ser coisa alguma, não quer ser coisa. 
Se não quer, não deixa, não vai.

Quando menina, às lágrimas de sangue, 
lapidada no facão abjeto da vivência. 
Lançada no caos da vida, lâmina velada, folha 
branca anavalhada, pedra bruta pelos ares, 
queda livre, no infinito fugitiva; quando bate, 
explode, se não mata cega sem perdão.. 

À espera de um carinho sem por quê.. 
Só então, sob o mesmo golpe de sorte:
de pedra violenta a opala reluzente, híbrida, 
psicodélica, generosa, orgástica, mãe de todas 
as cores redundantes.. Sangue no olho!   
Impuro estado místico de potencia! 
Vermelho e Branco. Vermelho e Azul.

Vida digna, merecida, conquistada.
Poema sem fim! Ai de quem duvidar! 

Morrendo está quem perde o medo.
"Quem viver chorará!"

Vina.
19.12.12








Sem títulos


Tanta rotina se opondo a tanta velocidade.
Tanta rotina se opondo a tanta intensidade...
Não dá tempo. Não tenho tempo de conhecer 
tanto quanto queria.. Tanto, tanto que nem sei.
Não sei se mais, não sei se menos:
As medidas se acabando, se perdendo...

A mim me é inaceitável dizer 'quantos universos'
deixei e deixarei de conhecer.. Só digo UNIVERSO
mesmo (em tanta grandiosidade, em 
tanta distância,
mesmo que vizinha), por desvio de 
valor, erro
de medida, as tais que vão-se perdendo...


Eu mesmo, universo? Que nada!
Sou das coisas mais simples do mundo, 
sou das coisas mais simples que se acha 
em qualquer quintal, que se esquece 
em qualquer gaveta.. 
Eu e todos vocês, eu sinto, eu sei.

Alguém nos iludiu em algum ponto, nos 
convenceu de tanta seriedade, em nós 
e do lado de fora. Besteira perigosa.

Pra mim que eu sempre falei das mesmas coisas, 
desde o choro de criança até os ditos em latim
que decoro hoje em dia. Tenho certeza.
E dá medo! Essas mesmas coisas simples, essa 
linguagem simples, intensa e particular acho 
que vai se perdendo na confusão. 
Complexidade ilusória, inventada, reticente... 
E tá difícil ser feliz. Cada vez mais...
Tá difícil encontrar onde mirar pra ser feliz.  
Esse negócio de linguagem sempre me complicou.
Faz a gente pensar: quero ser criança de novo,
os outros aceitavam o que eu dizia, e pronto.

Tanta gente querendo dividir a beleza íntima que
guarda e alimenta, tanta coisa bonita 
‘de graça’
e vocês procurando (e caçando mesmo!)

o que está por trás. 

Todo mundo sente uma luz estranha que 
lhe protege, seja deus ou seja sorte,
que caminha junto, que escolhe junto, 
que come e se deixa comer todo dia, mas
tem vergonha de dizer. Porra, é deveras um 

pedaço meu que deixo de conhecer e viver...
É por causa desse medo besta de perceber e 
dividir a própria beleza que eu me sinto sempre
tão incompleto, te faltando, te esperando,

num beijo, num poema, numa música, 
num olhar: uma fotografia qualquer..

Eu sou energia que ecoa, 
eu sou energia que vibra, 
que ondula, que recebe.. 
eco! eco! eco!
Eu quero viver! Gritam os olhos no meio da rua!

A reticência nem sempre é o melhor final.

Vitrola.
07.01.2013