domingo, 6 de janeiro de 2013
Sem títulos
Tanta rotina se opondo a tanta velocidade.
Tanta rotina se opondo a tanta intensidade...
Não dá tempo. Não tenho tempo de conhecer
tanto quanto queria.. Tanto, tanto que nem sei.
Não sei se mais, não sei se menos:
As medidas se acabando, se perdendo...
A mim me é inaceitável dizer 'quantos universos'
deixei e deixarei de conhecer.. Só digo UNIVERSO
mesmo (em tanta grandiosidade, em tanta distância,
mesmo que vizinha), por desvio de valor, erro
de medida, as tais que vão-se perdendo...
Eu mesmo, universo? Que nada!
Sou das coisas mais simples do mundo,
sou das coisas mais simples que se acha
em qualquer quintal, que se esquece
em qualquer gaveta..
Eu e todos vocês, eu sinto, eu sei.
Alguém nos iludiu em algum ponto, nos
convenceu de tanta seriedade, em nós
e do lado de fora. Besteira perigosa.
Pra mim que eu sempre falei das mesmas coisas,
desde o choro de criança até os ditos em latim
que decoro hoje em dia. Tenho certeza.
E dá medo! Essas mesmas coisas simples, essa
linguagem simples, intensa e particular acho
que vai se perdendo na confusão.
Complexidade ilusória, inventada, reticente...
E tá difícil ser feliz. Cada vez mais...
Tá difícil encontrar onde mirar pra ser feliz.
Esse negócio de linguagem sempre me complicou.
Faz a gente pensar: quero ser criança de novo,
os outros aceitavam o que eu dizia, e pronto.
Tanta gente querendo dividir a beleza íntima que
guarda e alimenta, tanta coisa bonita ‘de graça’
e vocês procurando (e caçando mesmo!)
o que está por trás.
Todo mundo sente uma luz estranha que
lhe protege, seja deus ou seja sorte,
que caminha junto, que escolhe junto,
que come e se deixa comer todo dia, mas
tem vergonha de dizer. Porra, é deveras um
pedaço meu que deixo de conhecer e viver...
É por causa desse medo besta de perceber e
dividir a própria beleza que eu me sinto sempre
tão incompleto, te faltando, te esperando,
num beijo, num poema, numa música,
num olhar: uma fotografia qualquer..
Eu sou energia que ecoa,
eu sou energia que vibra,
que ondula, que recebe..
eco! eco! eco!
Eu quero viver! Gritam os olhos no meio da rua!
A reticência nem sempre é o melhor final.
Vitrola.
07.01.2013
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