sexta-feira, 11 de março de 2011

"Não haverá piedade."

Não há motivo para riso
Não há motivo para euforia
Não há motivo para calma
Não há motivo para amar
Não há motivo para beleza
Não há motivo para paz
Não há motivo para escolher
Não há motivo para ser
Não há motivo para continuar

Longe dos olhos do mundo, entre quatro paredes,
o mundo desaba e o menino chora, chora de ódio,
de revolta com o próprio sentimento, sentimento
puro e inválido demonstrado e incompreendido entre
frases e versos. E o menino chora. Vai-se a violenta
convicção do titã. E o menino chora. As lágrimas correm,
é neste rio que se dilui a fortaleza da luz dos dia comuns.
Entre quatro paredes a rede parece mais funda,
a luz parece mais fraca, o tempo mais frio,
a música mais lenta. O silencio prevalece e o menino chora.

Nestes pedidos de socorro o que mais pode aparentar?
Nada além do tédio, do exagero, do que só se justifica
entre quatro paredes, em silencio.
Esse silencio... esse silencio gritado, em desespero..
Esse grito furioso, de menino carente, de menino
(justamente) sem educação. Ora, quem poderia orientá-lo?!
De tanto ser decapitado, cansou. Cansou de tudo...
Sem forças para explicações inúteis.. cansou.
Suplica violentamente pelo carinho do ombro inimigo..
Abre o peito cheio de calos às flechas do espelho.
Um coração coagulado é que vão encontrar.
Não haverá outra beleza senão a imaginada, a construída.
O que tenho feito nos últimos dias é tentar dizer o que sinto
de verdade, o que desejo de verdade. O que sou e possuo.
Pessoas felizes não suportam minha verdade. Nem eu.
A armadura caiu, o menino viu a cor da pele, chorou.
Cansado do fardo silente, não vê mais motivo...
Não há motivo para ser. Não há motivo para tanto.






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